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Gênero Loxosceles (Família Sicariidae)
As “aranhas-marrons”,
cujas picadas podem causar lesões necróticas
e/ou complicações sistêmicas, têm
importância médica pela grande ocorrência
intradomiciliar, que predispõem acidentes principalmente
em regiões com grandes concentrações
demográficas. O gênero Loxosceles
que predomina na América do Norte e América
do Sul, tem no Brasil, o maior registro de acidentes
nas regiões Sul e Sudeste.
Essas aranhas têm hábitos noturnos, preferem ambientes
escuros e quentes, e comumente refugiam-se em troncos
e cascas de árvores, folhas acumuladas no solo,
ou buracos e frestas de barrancos. No domicílio,
estão atrás de móveis, nos sótãos,
em garagens, porões e entulhos, resistindo à
grandes variações de temperatura e à
ausência de água. São sedentárias
em teias irregulares tipo lençol que revestem
seus substratos, mas na escassez de alimentos, saem
à noite a procura de pequenos artrópodes.
Aranhas-marrons
não são agressivas, apresentam tendência
a se agruparem e os acidentes ocorrem quando no interior
de vestimentas e da roupa de cama e de banho são
pressionadas contra o corpo das pessoas.
A necrose da pele no local da picada ocorre devido à
morte das células e danos vasculares, e tem caracteristicamente
disseminação em sentido gravitacional,
dando um aspecto de esta ter “escorrido”.
As complicações sistêmicas quando
aparecem, referem-se a sérios problemas intravasculares,
nefrológicos e danos multi-orgãos que
eventualmente conduzem à morte.
A picada é
comumente não dolorosa e os sintomas podem ser
confundidos com outros agentes e doenças. A lesão
típica vermelhidão, inchaço de
aspecto marmorizado e pequena necrose central. Esta
se estende e após duas semanas apresenta uma
crosta seca e escura, que se desprende deixando uma
lesão ulcerosa.
O quadro sistêmico ocorre em poucos casos, principalmente
em crianças, sendo a forma mais grave e determinando
anemia, icterícia e presença de hemoglobina
na urina, que é o pigmento da coloração
sanguínea, deixando a urina com cor de “coca-cola”.
O tratamento específico
consiste no uso de soro anti-loxoscélico ou anti-aracnídico,
sendo indicado até a 72ª hora de evolução
para o quadro cutâneo e a qualquer momento para
o quadro cutâneovisceral. O tratamento inespecífico
consiste no uso de corticosteróides, além
da soroterapia. São indicadas a super-hidratação
oral e a indução da diurese, além
de curativos anti-sépticos nas lesões,
após remoção da crosta necrótica.
O dano tecidual normalmente é significativo,
sendo necessária cirurgia plástica reparadora.
No caso de insuficiência renal, é necessária
a diálise para correção do equilíbrio
de eletrólitos.
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Gênero Phoneutria (Família Ctenidae)
Essas aranhas
ocorrem na América do Sul e Central, são
muito bem representadas no Brasil que detém o
maior número de registros de acidentes, principalmente
nas regiões Sul e Sudeste.
Popularmente conhecidas
como “aranhas armadeiras”, são responsáveis
pelo maior número de acidentes aracnídicos
notificados ao Ministério da Saúde. Essas
aranhas são ágeis e irritáveis
e, quando ameaçadas, se dispõem na posição
de prontidão ou ataque, em que o corpo é
elevado quase verticalmente e mantém-se apoiado
sob os dois pares de pernas traseiras e parte posterior
do abdome, movem as pernas anteriores para os lados
e pulam em direção da presa ou do agressor
com os ferrões abertos. Podem atingir de 3 a
4 cm de corpo e até 15 cm de envergadura de pernas.
As armadeiras
possuem hábitos noturnos e, durante o dia, permanecem
escondidas em buracos de troncos de árvores,
sob pedras, troncos e folhagem. No ambiente doméstico
buscam refúgio e alimento, como baratas, por
exemplo, e durante o dia, escondem-se no interior de
sapatos e de armários, ou atrás de móveis,
cortinas e portas.
O período de maior mobilidade dessas aranhas
corresponde ao do acasalamento, durante os meses de
abril e maio, podendo determinar um maior numero de
encontros com o homem e, portanto, um índice
de acidentes mais expressivo. Os acidentes ocorrem nos
atos de calçar os sapatos, nas limpezas domésticas
e no manuseio de legumes ou frutas, e desta forma as
extremidades como mãos e pés são
as mais atingidas.
A maioria dos
acidentes tem evolução benigna, raramente
ocorrendo óbitos, pois na maioria dos casos o
paciente trás consigo o agente causador, que
é de fácil captura, facilitando sua identificação.
O veneno tem efeito neurotóxico, sendo a dor
no local da picada imediata, estendendo-se por todo
o membro atingido.
As manifestações
locais são proeminentes na maioria dos casos,
enquanto o quadro sistêmico é descrito
predominantemente em crianças. A marca da picada
é visível, e o sintoma mais freqüente
é a dor local. Outros sintomas que podem ocorrer
são vermelhidão e inchaço locais,
sudorese, salivação, lacrimejamento, náuseas
e cefaléia. Em casos graves, podem ocorrer convulsões,
diminuição da freqüência e
da força de batimento cardíaco, tremores
musculares, diminuição da pressão
arterial e Priapismo. Os casos muito graves são
raros, envolvem geralmente crianças, e podem
levar a choque neurogênico e morte.
O tratamento está
voltado para os sintomas, com uso de anestésicos
para evitar a dor e, em recidivas, o uso de analgésicos
potentes. O calor também pode ser utilizado para
diminuição do desconforto local. A soroterapia
é indicada para pacientes que sofreram alterações
sistêmicas, sendo necessária internação
em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para monitoramento
das alterações respiratórias e
hemodinâmicas.
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Gênero Latrodectus (Família Theridiidae)
São popularmente
conhecidas como “viúvas-negras”,
têm ampla distribuição geográfica
no mundo, e são conhecidas pelo canibalismo sexual
dos machos, que em várias espécies investigadas
corresponde a um sucesso reprodutivo traduzido pelo
maior número e viabilidade da prole. Essas aranhas
têm caracteristicamente uma ampulheta vermelha
no ventre do abdome, sua teia é irregular e tridimensional
e não são agressivas. Além do habitat
silvestre, podem colonizar áreas agrícolas,
quando entram em contato com os seres humanos e podem
causar acidentes durante a época de colheita.
Os maiores índices de acidentes ocorrem nas regiões
tropicais e subtropicais de todo o globo, e no Brasil,
prevalecem registros no Nordeste.
O veneno tem ação
neurotóxica central e periférica, e podem
determinar acidentes leves, moderados ou graves. No
acidente leve ocorre dor e sudorese locais, edema discreto,
parestesia, tremores e contraturas. Nos acidentes moderados,
além dos sintomas descritos, ocorre dor abdominal,
sudorese generalizada, ansiedade ou agitação,
mialgia, cefaléia, tonturas e hipertermia. Nos
acidentes graves, além dos sintomas descritos,
a taquicardia ou bradicardia, a dispnéia, náuseas
e vômitos, priapismo, retenção urinária,
e fascies ladrotectismica. A mortalidade é rara.
O tratamento específico
baseia-se na soroterapia anti-Latrodectus, mas devem
ser utilizados analgésicos potentes para alívio
das dores musculares e abdominais, além de benzodiazepínicos,
gluconato de cálcio e clorpromazina.
Distribuição
Geográfica no Brasil e Caracteres para o Reconhecimento
Phoneutria
(aranhas armadeiras):
Olhos dispostos em três filas: 2/4/2 a partir
da margem da carapaça.
– P. fera e P. reidyi – região Amazônica;
– P. nigriventer – Goiás, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul, São Paulo
e Santa Catarina;
– P. keyserlingi – Espírito Santo, Minas
Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, São Paulo e Santa Catarina.
Loxosceles
(aranhas-marrons):
Olhos dispostos em três grupos de 2. Prosoma mais
baixo que o opistossoma.
– L. intermedia – predomina nos estados do
Sul do país;
– L. laeta – ocorre em focos isolados em várias
regiões do país, principalmente no estado
de Santa Catarina;
– L. gaucho – predomina no estado de São
Paulo.
Possuem os nomes populares de caranguejeiras e vivem
preferencialmente em locais quentes, nas zonas tropicais
e subtropicais. As maiores aranhas conhecidas pertencem
a esse grupo, sendo a maior delas da espécie
Theraphosa blondi, de 30 cm encontradas na
Floresta Amazônica. Não há registro
de acidentes humanos graves ocorridos no Brasil.
Embora muito
temidas pela aparência assustadora não
provocam acidentes graves ou comuns. Quando manipuladas
ou irritadas liberam cerdas urticantes que podem causar
reações alérgicas com inchaço,
vermelhidão e coceira local, que costumam regredir
em poucas horas.
O tratamento geralmente não é necessário,
mas a dor pode ser controlada pelo uso de analgésicos
orais, e os casos mais graves exigem o uso de anti-histamínicos,
corticosteróides e adrenalina.
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