De modo geral,
o corpo dos escorpiões
é separado em duas regiões: o prosoma
(cefalotórax) e o opistosoma (abdome). O prosoma
é coberto dorsalmente por uma carapaça.
Parcialmente abaixo dessa carapaça, posiciona-se
um par de quelícera responsável por rasgar
e dilacerar a presa. Acima da carapaça existem
5 pares de olhos. O primeiro par, grande e primitivo,
possui capacidade de percepção da presença
ou ausência da luz. Os demais pares provavelmente
regulam o relógio biológico do animal.
Além disso, na região do prosoma há
4 pares de patas e um par de pedipalpos.
Estes servem para capturar, conter e esmagar a presa, além
disso, podem dar proteção contra um predador.
Já o opistosoma é composto pelo mesosoma (pré-abdome)
e metasoma (pós-abdome). O mesosoma apresenta dorsalmente
7 segmentos (Tergitos) e ventralmente 5 segmentos (Esternitos).
Por sua vez, o metasoma erroneamente denominado de cauda,
possuí 5 segmentos arredondados e o Telson. O Telson
é composto de uma vesícula com duas glândulas
de veneno e um ferrão (aguilhão) que serve
para inocular o veneno na presa.
O veneno do escorpião, cuja principal função
é imobilizar um animal e, secundariamente, auxiliar
na defesa contra um predador, contém um complexo
químico composto principalmente de neurotoxinas que
agem no sistema nervoso e causam dor e aumento da pulsação
cardíaca. Em alguns casos, a toxicidade desse veneno
pode ser comparada com o volume dos pedipalpos, ou seja,
quanto mais robusto os pedipalpos do animal, menos poderoso
é o seu veneno e vice-versa.
No Brasil, os escorpiões de importância médica
pertencem ao gênero Tityus, que é
o mais abundante em espécies, representando cerca
de 60% da fauna escorpiônica neotropical. Do ponto
de vista da saúde pública, existem 5 espécies
principais que podem acarretar um sério prejuízo
ao homem.
A espécie Tityus serrulatus é a
mais importante devido a potência do seu veneno e
a abundância de indivíduos no ambiente urbano,
já que esse escorpião se reproduz por partenogênese
(sem presença de um macho). Esse animal, popularmente
chamado de escorpião-amarelo, mede aproximadamente
de 6 a 7 cm e possui coloração marrom, porém
com pedipalpos, patas e cauda amarelada. Além disso,
os dois último segmentos do metasoma apresentam uma
serrilha dorsal e, ventralmente, uma mancha escura. A espécie
Tityus bahiensis mede também cerca de 6
a 7 cm e possui coloração do corpo e do metasoma
marrom. Também conhecido como escorpião-marron,
os pedipalpos e patas desses animais apresentam manchas
escuras. Já o Tityus stigmurus, de coloração
amarelo-escuro, apresenta um triângulo negro no cefalotórax,
uma faixa escura longitudinal mediana e manchas laterais
escuras nos tergitos. Essa espécie também
mede cerca de 6 a 7 cm e está presente somente na
região nordeste do Brasil. Por sua vez, a espécie
Tityus cambridgei, presente somente na região
amazônica, possui coloração do corpo,
patas e pedipalpos quase negra e mede aproximadamente 8,5
cm. Tanto Tityus stigmurus como a espécie
Tityus cambridgei são vulgarmente chamados
de escorpião-preto. Finalmente, a espécie
Tityus metuendus possui coloração
do corpo vermelho-escuro, quase negro, com manchas avermelhadas
no dorso. As patas contêm manchas amareladas e o metasoma
apresenta um espessamento no 4° e 5° artículos.
O indivíduo adulto dessa espécie também
mede por volta de 6 a 7 cm de comprimento.
Os escorpiões surgiram no mar e com certeza formam
um dos grupos mais remotos de aracnídeos a conquistar
a superfície da Terra. Esses animais adaptaram-se
muito bem ao meio ambiente urbano e atualmente, convivem
desarmonicamente com a sociedade devido ao mal-estar biológico
que seu veneno pode causar no corpo humano. Apesar do pavor
psicológico que os escorpiões representam
para algumas pessoas, no seu ambiente natural esses artrópodes
têm uma participação importante na cadeia
alimentar como predadores e, portanto, controlam o crescimento
populacional de outras espécies, principalmente de
insetos como as baratas.